domingo, 15 de janeiro de 2012

A educação estética.

Marten de Vos- Las siete artes, colección privada (1590)
Como aparentemente o público que visita este blog parece ser, em sua maioria, de mães ou moças que desejam ser mães, pensei ser proveitoso compartilhar este pequeno e modesto texto sobre a educação estética.

Pois bem, o que vem a ser a estética? A estética é a área que estuda aquilo que abrange o belo, em especial na arte. Trata-se de estudar as condições que uma coisa necessita para que seja considerada bela.

Uma boa educação católica deve ser aquela que abranja a educação da inteligência, vontade, religiosa e moral. Mas para que a formação seja completa deve-se dar atenção também as artes, pois, sem dúvida fazem parte da vida do homem e exercem grande influência na alma. Os pais que julgam ser esse assunto secundário na formação de seus filhos correm grande risco, nesta subversão moral, religiosa e filosófica que hoje atravessamos, de perderem seus filhos para o mundo, fazendo assim com que se deixem iludir com a péssima arte que hoje circula por ai e que certamente vai minando de pouco em pouco toda a piedade religiosa dessas jovens almas.

A seguir tentarei expor o assunto da estética de forma um pouco mais simples, visando àqueles que não estão inteirados da linguagem filosófica, visto que esse é um assunto da filosofia.

Infelizmente hoje em dia qualquer coisa pode ser considerada arte, alguns poucos exemplos disso são o famoso mictório de Marcel Duchamp, o movimento expressionista e o Rock na música. E porque tais coisas são consideradas como arte? Simplesmente por que o homem retirou Deus como centro de sua vida, como regulador de seus atos, como seu fim último, subverteu a função da inteligência. Não falarei dos aspectos específicos dessa pseudo arte,citada acima, pois, foge ao objetivo do texto. Ao expor os aspectos da reta beleza o leitor poderá tirar boas conclusões sobre tal “arte”.

Diferente do que se pensa hoje, a beleza não é algo subjetivo, algo que dependa do gosto de cada um. Santo Tomás de Aquino define o belo como id quod visum placet, o que agrada ver. Para que algo seja belo, e toda arte deve ter como objetivo a beleza, seja para proporcionar a elevação da alma a Deus ou somente o prazer estético, três coisas são necessárias: Unidade, verdade e bondade, visto que esses são aspectos transcendentais do ser e Deus é o Ser absoluto, pois, contém de modo perfeito essas três coisas, e tudo aquilo que vemos de uno, verdadeiro e bom – belo- nas coisas sensíveis não são mais que um reflexo imperfeito daquilo que Deus tem em perfeição. Por tanto é obrigação de todo católico buscar a arte que contenha esse reflexo de Deus.

Unidade – Essa unidade de que falamos é aquela que se dá em meio à variedade, ou seja, um determinado objeto que possui partes separáveis e que deva ser visto como um todo. Exemplo: A simetria, a ordem, a adequabilidade, a harmonia, as proporções adequadas das linhas da face e das partes constitutivas de um edifício; a admirável coordenação das diversas partes de uma flor ou a unidade da idéia que atravessa uma ária musical.

Verdade – A verdade é objetiva e pode ser perfeitamente conhecida pela inteligência. A verdade implica automaticamente a inteligibilidade, ainda que em mais ou menos graus, pois, sabe-se que nossa inteligência é limitada. Na definição de Santo Tomás a verdade é a adequação da inteligência ao objeto. Portanto para que um objeto – obra de arte- seja verdadeiro é necessário que seja inteligível, verdadeiro em si mesmo, não dependendo de nosso intelecto. Há uma frase de Santo Agostinho que demonstra muito bem esse conceito- “A verdade não é minha e nem sua, para que seja nossa”. Ou seja, a verdade está nas coisas e nossa inteligência apenas capta essa verdade. Ai está então a conclusão de que a beleza em uma obra de arte não depende do “gosto” de cada um, ela existe por si só.

Bondade – Na estética a bondade está relacionada com a atração. Tal objeto é bom na medida em que nos atrai, agrada, pois, naturalmente o homem tende sempre ao que é bom. Mesmo quando busca um mal, é sempre – enganado- achando que está buscando um bem.

Quem poderia sentir-se repugnado ao ouvir uma obra como a “Paixão segundo São João” de J.S.Bach? Ou ainda um “concerto grosso” de Coreli? Quem poderia não ficar maravilhado diante de um quadro de Fra Angélico ou um “O filosofo” de Rembrandt?

Certamente os que preferem ouvir Rock, ou contemplar o mictório de Duchamp, perderam por completo, ou nunca tiveram a reta capacidade de apreender o belo, que, lembrando, existe independente de o reconhecermos nas coisas.

Para um próximo texto poderíamos falar de outros elementos como Acabamento, proporção e clareza, mas, para que o texto não fique longo por demais encerramos por aqui.

Esta é a nossa pequena colaboração para aqueles que desejam proporcionar aos jovens uma boa educação artística. Lembrando que a arte é um elemento inevitavelmente presente e necessário na vida do homem, portanto, que seja a boa arte, aquela que nos auxilia na vida espiritual, que está de acordo com a natureza humana que tende sempre ao bem.

Tendo um mal gosto artístico, ou seja, contemplar ao que é feio, é ir contra nossa própria natureza.

Que santa Cecília, beato Frá Angélico e São Gregório nos ajude em tempos tão ruins como o nosso.

Bruno Inácio.

PS: Agradeço ao espaço concedido pela minha querida namorada.